sábado, 15 de outubro de 2016

Fel-mel-nilidade

Letícia Lanz
Eu não tenho rabo preso com ninguém e não guardo nenhum segredo a respeito de mim mesma.

Minha privacidade é absolutamente pública, aberta ao conhecimento, inspeção, análise, crítica e rejeição de quem quer que seja. Não sou patrocinada por nenhuma organização, não tenho compromisso político com ninguém e não sou fiel de nenhuma confissão religiosa.
Acredito apenas na verdade e estou sempre aberta e disposta a trocar verdades que envelheceram por novas verdades que vão surgindo.

Sou eu quem paga as minhas contas, todos os meses, religiosamente. Não dou despesa para o estado e dele só recebo o que me é de direito, aliás, muito menos do que seria o meu direito, pois contribuí dezenas de anos pelo máximo e minha aposentadoria é só um salário mínimo.

Isso tudo é para dizer que eu já passei - e muito - da idade de ficar bem na foto dos outros. Atualmente, eu só faço questão de ficar bem na minha foto, o que significa estar bem comigo, acesa e antenada para o mundo em que eu vivo e pelo qual me sinto corresponsável enquanto estiver respirando a minha quota diária de oxigênio.

Vou denunciar, sim, o que eu não concordo, o que eu não gosto, o que eu acho que não está correto, mesmo sabendo que minha opinião é um cubinho de gelo no sol quente do deserto.

Amo e vou vendo o que é possível fazer. E faço, amando, nunca a mando de ninguém.

Mesmo sendo chamada de intransigente, inflexível e outros adjetivos menos elegantes, não deixarei de ser honesta com a minha própria consciência. A vida me ensinou a ser doce como o mel e amarga como o fel. Essa é marca principal da minha "felmelnilidade".

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