quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Respeito não se exige: se conquista

Respeito não se exige: se conquista. Se for preciso, à força. De “mão beijada”, o opressor jamais "concederá" respeito à pessoa desrespeitada. O respeito precisa ser conquistado e essa pode ser uma jornada muito longa e difícil.

É tolo e ingênuo demandar o respeito de quem não nos respeita, sobretudo se não se pode contar com o apoio de leis capazes de coagir e punir com severidade quem não nos respeitar. Na ausência de qualquer tipo de coação e punição, é muito difícil que o sujeito desrespeitoso mude por ele mesmo. Nas maioria dos casos, ele continuará solenemente nos faltando com o respeito, sabendo que nada lhe acontecerá.

Hoje em dia, os membros da corja racista são obrigados a pensar dez vezes antes de faltar com o respeito a uma pessoa negra pois poderão acabar se complicando com a justiça, além de perderem uma boa quantia de dinheiro, tendo que reparar financeiramente as pessoas que agrediram.

Mas nada acontece com os crápulas transfóbicos. Eles podem cuspir, escarrar e agredir fisicamente uma travesti de rua ou uma pessoa trans qualquer nas redes sociais, sem que absolutamente nada lhes aconteça. Pelo contrário, costumam ser até exaltados e glorificados por sua corja de seguidores, como acontece com o infame clã dos bolsonaros.

É inútil exigir respeito de quem não nos respeita e cujo desrespeito não sofre nenhum tipo de interdição ou punição por parte da sociedade. Como não adianta exigir respeito em caráter individual e isolado. É preciso que a sociedade, e particularmente o sujeito desrespeitoso, sinta nas costas o peso de uma coletividade inteira, consciente dos seus direitos e disposta a lutar por eles, se for necessário a ferro e fogo.

Sem um movimento forte e unido, respeito é um mito sem fundamento. Uma demanda romântica e adolescente, que o desrespeitoso não pensará duas vezes em passar por cima, com a força arrasadora do seu preconceito e ignorância. 

E um movimento forte e unido não se faz, por sua vez, com ações isoladas e desordenadas, sem nenhuma estratégia de atuação conjunta, executadas muito mais em nome de um protagonismo interesseiro do que em nome de um ativismo desinteressado.

Olhando a realidade do nosso mundo trans, a conclusão é que o respeito da sociedade pela parcela transgênera da população ainda está muito longe de ser conquistado.


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