domingo, 10 de setembro de 2017

A patologização da condição transgênera está sendo sustentada por teorias e pesquisas totalmente sem fundamento

Em 1973, com a publicação do DSM-III, a homossexualidade, até então chamada de homossexualismo e considerada como transtorno mental grave pela medicina, passou a ser vista apenas e tão somente como uma das possibilidades absolutamente normais de orientação sexual dos seres humanos. Foram necessários mais 17 anos (17-05-1990) para que a OMS retirasse a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças, na edição do CID-10. O mesmo DSM-III, que revogou o caráter patológico da homossexualidade, passou a incluir as transidentidades como transtorno mental a partir das revisões feitas em 1980 e 1987.

Essa inclusão e retirada de patologias, de maneira tão intempestiva, põe em cheque os critérios adotados pela medicina para a eleição de uma manifestação humana como sendo ou não de natureza patológica. O que fez com se revogasse o caráter patológico do homossexualismo e se promovesse a sua elevação ao status de homossexualidade, no mesmo nível que a heterossexualidade? O que fez com que subitamente o transexualismo e o travestismo fossem incluídos como patologias mentais?

Boa parte da argumentação que era utilizada para sustentar o caráter patológico do homossexualismo era baseada na ideia de que o propósito da sexualidade humana era a reprodução e, portanto, quem não estava sexualmente apto a se reproduzir ou, pior ainda, que se utilizava da sexualidade para outra finalidade além da procriação, estaria agindo de maneira “perversa” sendo, portanto, doente.

Os fatos demonstraram ao seu tempo que a argumentação médico-psiquiátrica e psicológica que patologizava a homossexualidade não estava sustentada por uma base robusta de pesquisa biológica, como o senso comum supunha existir, mas tão somente na confirmação de normas de conduta sexual estabelecidas pela sociedade, convenientemente camufladas de arbitrários e fictícios “determinismos da natureza”. Na medida em que essas normas passaram a ser largamente checadas por comportamentos explícitos da população, o homossexualismo, que era considerado patologia mental grave, deixou de ser. A homossexualidade só continua sendo homossexualismo e, portanto, “doença”, no discurso retrógrado, nonsense e completamente disparatado de religiosos fundamentalistas que, na ausência de sustentação do velho discurso biológico do sexo destinado exclusivamente à procriação, “como determinou o Criador”...

As transidentidades estão sendo sustentadas como patologias com pesquisas e teorias biológicas absolutamente vazias, enganadoras e fraudulentas. Toda a argumentação médico-psiquiátrica e psicológica se baseia em ideias absolutamente sem sustentação empírica de que existem diferenças radicais entre machos e fêmeas ou de o sexo genital determina o gênero de uma pessoa de modo automático, ou seja, o gênero não passa de um determinismo biológico.

Conhecido médico psiquiatra apresentou recentemente no Fantástico uma teoria esdrúxula, já descartada há muitos anos por falta absoluta de consistência e fundamentação empírica, de que as transidentidades surgem em função de uma super descarga de estrogênio sobre o feto no útero da mãe. Por mais absurda que seja, e é, uma teoria dessas ainda poderia fazer algum sentido se o fenômeno transgênero atingisse apenas machos biológicos que entram em choque com a sua classificação social compulsória como homens. Acontece que as fêmeas biológicas também estão submetidas ao fenômeno transgênero e seria absurdo pensar que uma descarga adicional de estrogênio no útero da mãe faria com que elas fossem “menos” desejosas de ser mulher. Por outro lado, pensar que, em vez de estrogênio, a descarga teria sido de testosterona, é inteiramente fora de propósito. A testosterona é um poderoso abortivo, de modo que uma eventual super descarga no útero da mãe simplesmente provocaria um aborto espontâneo do feto.

Teorias rasas e obtusas como essa ou aquela de que pessoas transgêneras nasceram no "corpo errado" servem, na verdade, apenas como cortinas de fumaça pseudo-científica para sustentar o dispositivo binário de gênero, de natureza puramente sociopolítica, que determina radicalmente a inscrição como homens de machos biológico, ou seja, com um pênis entre as pernas ao nascer.

Essas pseudo teorias e pesquisas estão evidentemente com seus dias contatos, como aquelas que sustentaram, no final do século XIX, que negros eram uma raça inferior destinada a ser escravizada e que as mulheres tinham um cérebro muito reduzido em relação ao do homem, totalmente incapaz de chefiar pessoas ou realizar operações matemáticas complexas.

Um comentário:

MANUEL ROMÁRIO SALDANHA NETO disse...

ESTAS TEORIAS PATÓLOGICAS ESTÃO TODAS FUNDAMENTADAS NA BÍBLIA JUDAÍCO-CRISTÃ....