quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Dignidade é muito mais do que liberdade

Nelson Mandela: quase 3 décadas na prisão, mantendo sua imensa dignidade
Antes da liberdade, existe uma coisa chamada dignidade. O fato de ser livre não produz dignidade por si próprio. O fato de ser dignas, torna as pessoas livres, ainda quando elas são obrigadas a viver presas.

Até presa, uma pessoa digna mantém a sua dignidade. Exemplos de peso não nos faltam. Mandela viveu quase três décadas na prisão. E que dignidade! De dentro da prisão, Oscar Wilde escreveu “De Profundis”, um dos mais agudos libelos contra aqueles que tentam extorquir a dignidade de alguém em razão da própria condição humana dessa pessoa.

Por isso, dignidade é mais importante do que liberdade. E olha que considero liberdade a coisa mais importante que existe. Mas também compreendo que ninguém pode se considerar realmente livre se não sente e não desfruta de nenhuma dignidade. Infelizmente, quantos, conscientemente, dia após dia, simulam ter liberdade, sem nenhuma dignidade.

Dignidade é reconhecer-se pequena e insignificante diante da imensidão do universo, e ainda assim saber-se grande, valorosa e única, diante de si própria e dos outros. Dignidade é a gente se orgulhar de ser uma pessoa humana independentemente da nossa condição social, econômica, política ou religiosa.

A dignidade é sempre discreta e sóbria. Sabe quando e em que medida se manifestar. Não se eleva nas alturas quando se assenta na cadeira de juiz, nem se curva ao chão no banco dos réus. A dignidade é solene, sem ser pedante, é poderosa, sem ter poder. Impõe-se por si mesma, como uma estrela que possui luz própria e que brilha naturalmente, sem diminuir nem ofuscar o brilho de ninguém.

(Letícia Lanz)

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