Quando
alguém, inclusive supostos (de)formadores de opinião, se refere a uma
pessoa como "cisgênera" nunca quer dizer que a identidade de gênero
daquela pessoa é cisgênera, pois compreende que cisgênero não é
identidade de gênero mas condição sociopolítica de adequação à
identidade de gênero - de homem ou de mulher - recebida ao nascer. Ora, é óbvio então que, sendo antônimo de cisgênero, transgênero também não é uma identidade de gênero, mas a condição sociopolítica de inadequação, ou seja, de não-conformidade, à identidade de gênero - de homem ou mulher - recebida ao nascer. Assim como toda pessoa identificada com o rótulo de identidade, de mulher ou de homem, recebido ao nascer, é chamada de cisgênera, toda pessoa não identificada com esses mesmos rótulos é chamada de transgênera.
Não faz, portanto, nenhum sentido escrever-se transexuais, travestis e transgêneras para referir-se à população transgênera uma vez que toda transexual e travesti já é transgênera por definição. Ou seja, todas as identidades gênero-divergentes estão representadas pelo "T", de transgênero, presente na sigla LGBT.
(Letícia Lanz)
2 comentários:
Leticia.
Na minha opiniao "Gender non-conforming" e transgeneros sao diferentes, pois uma nao conformidade em relacao as regras sociais de genero nao eh sempre acompanhada por uma identidade de genero diferente do sexo biologico.
Por exemplo, existem drag queens, crossdressers e travestis que se identificam como homens e nao como mulher. Ou seja, possuem uma identidade de genero masculina, em consonancia com o sexo biologico e por consequencia, cisgenera.
Oi Tenório,
É exatamente na não-conformidade, ou seja, no "descumprimento" das normas do dispositivo binário de gênero em vigor, que surge a condição sociopolítica do "transgênero". O que deve ser discutido - e esse tem sido o erro histórico ao se tratar da questão transgênera - não é a natureza ou a forma da não-conformidade, mas a arrogância e a arbitrariedade da sociedade em estabelecer tais regras de conformidade.
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