Nada mais necessário, hoje e sempre na vida de uma pessoa, do que o exercício consciente e permanente da autocrítica que é, em essência, saber de onde se veio, onde se está e para onde se deseja ir.
Autoavaliar-se é uma tarefa muito difícil, da qual a maioria corre léguas. Embora seja uma tarefa indispensável no processo de crescimento pessoal de cada um, não é qualquer pessoa que está em condições de se autoavaliar, exercendo a autocrítica com critério, isenção e discernimento. A pessoa precisa estar muito inteira para se ver a si mesma de maneira não-tendenciosa ou fragmentada. E, infelizmente, como sabemos, a maioria de nós vive completamente alienada de si mesma, preferindo fugir da verdade do que enfrentar a própria mentira.
Autoavaliar-se é uma tarefa muito difícil, da qual a maioria corre léguas. Embora seja uma tarefa indispensável no processo de crescimento pessoal de cada um, não é qualquer pessoa que está em condições de se autoavaliar, exercendo a autocrítica com critério, isenção e discernimento. A pessoa precisa estar muito inteira para se ver a si mesma de maneira não-tendenciosa ou fragmentada. E, infelizmente, como sabemos, a maioria de nós vive completamente alienada de si mesma, preferindo fugir da verdade do que enfrentar a própria mentira.
Olhar-se no espelho da alma não é para qualquer um, não. Como não é à toa que o senso comum usa a expressão “vê se te enxerga” ou “você parece não ter espelho em casa” quando quer denunciar a completa ausência de autocrítica nas ações de uma determinada pessoa.
Além do mais, existem dificuldades e armadilhas enormes no processo de autocrítica. Listei abaixo algumas delas.
1 – Autocrítica não é julgamento de si próprio, uma interminável sessão de choro e ranger de dentes, de “mea culpa” e de indicação de castigos pelos “malfeitos”. Autocriticar-se definitivamente não é autojulgar-se e muito menos autocondenar-se. Além de ser insuportável relacionar-se com você mesma num clima permanente de tribunal do júri, ninguém ganha nada, em termos de crescimento pessoal, sendo permanentemente “réu de si mesmo”.
2 – Autocrítica não é autoindulgência, busca desesperada por causas e explicações para justificar o nosso insucesso em determinada tarefa ou empreendimento. O autoperdão é absolutamente indispensável quando reconhecemos o nosso erro em alguma situação existencial, mas autoperdão é muito diferente de autocomplacência, que significa autotolerância com falhas, porra-louquices e limitações pessoais perfeitamente possíveis de serem superadas.
3 – Autocrítica não é ficar remoendo críticas que as outras pessoas nos fazem. Ainda que muitas pessoas, de forma absolutamente desdenhosa, neguem sofrer qualquer influência dos outros em suas vidas, o fato é que o outro exerce e exercerá sempre um papel fundamental na definição do eu de cada um: não existe identidade sem alteridade. Acontece que o que o outro pensa de mim, é problema dele. É uma total insensatez querer (re)organizar minha vida em função das opiniões que os outros têm ao meu respeito. Da mesma forma, crítica não depende de quem faz, mas de quem recebe. Qualquer pessoa pode fazer a crítica que quiser ao meu respeito. Cabe a mim avaliar se o que ela diz tem fundamento e merece ser observado ou se não passa de asneira que deve ser sumariamente descartada, sem nenhuma outra providência.
4 – Autocrítica não é eu me comparar com os outros. É preciso que eu me autoavalie para saber onde eu estou em relação ao onde eu estava na minha própria jornada e não ao onde eu estou em relação à jornada do outro. Eu sou eu e o outro é outro; por mais parecida que seja com a dele, a minha caminhada não é a dele e nunca vai ser. Avaliar-me em relação ao outro só faria sentido se eu fosse exatamente absolutamente igual a ele, o que não é verdade. Autocrítica é eu me comparar comigo mesma para saber como eu estava ontem, como estou hoje e como gostaria de estar amanhã.
5 – Autocrítica não é fiscalização, autovigilância ou terrorismo pessoal. A autocrítica nos ajuda a produzir um componente indispensável para a nossa vida em sociedade chamado “simancol”, que nos leva a reconhecer e a permanecer nos nossos espaços e “lugares de fala” nesse mundo, sem invadir os espaços e os "lugares de fala" dos outros. Contudo, “simancol” é algo totalmente distinto de “autovigilância ostensiva”, em que a pessoa se torna fiscal de si própria, questionando-se, o tempo inteiro, com perguntas que dificultam, inibem e bloqueiam qualquer tipo de iniciativa no mundo exterior: “será que eu devo ou não devo fazer? Será que está certo ou está errado? Será que estou sendo conveniente ou inconveniente?
6 – Autocritica não é “intelectualizar” minhas emoções. Essa é uma tendência muito comum nas pessoas que se aventuram a olhar para sua própria vida evitando sistematicamente olhar os sentimentos e emoções que acompanham cada episódio vivido, com medo do sofrimento, dor e desconforto que isso pode lhes causar. Dessa forma, sua autocrítica é uma espécie de narrativa linear, completamente fria e destituída de vivências reais. Mero raciocínio frio e calculista sobre si mesma, que nada produz em termos de crescimento pessoal.
7 – Autocrítica não é uma coisa para se fazer apenas “de vez em quando”, especialmente quando dá tudo errado ou a gente entra “numa pior”. É um atributo pessoal que só faz sentido quando se incorpora como parte permanente do nosso ser. Que age o tempo inteiro “na surdina”, sem se fazer notar e, paradoxalmente, se faz notar intensamente em nossa vida e na vida das pessoas que nos cercam.
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