Enquanto tantas pessoas lutam desesperadamente para serem reconhecidas como mulheres e tratadas no feminino (ou serem chamadas de homens e tratadas no masculino) a minha luta é apenas e tão somente para ser reconhecida e tratada como GENTE.
Coisa muito difícil ser gente numa sociedade em que até as pessoas que se debatem com os rótulos identitários adoram receber... rótulos identitários!
Coisa muito difícil ser gente numa sociedade em que, em vez de se afirmarem como indivíduos livres de classificações e rotulações, as pessoas se orgulham de afirmar que nasceram “em corpos errados”. Eu não nasci em nenhum corpo errado! Meu corpo é certo: errado é o besteirol social que separa e classifica os corpos em “masculinos” e femininos.
Coisa difícil ser gente numa sociedade de robôs identitários, comandados por normas de conduta de gênero, tão idiotas quanto rígidas, que estabelecem o é ser homem e o que é ser mulher, fazendo as pessoas acreditarem que isso acontece por "herança biológica"... (afff!)
Aí me dizem que difícil é viver sem rótulo numa sociedade de rótulos. Desculpa esfarrapada pois, no fundo, eles adoram rótulos.
Aí me dizem que difícil é viver sem rótulo numa sociedade de rótulos. Desculpa esfarrapada pois, no fundo, eles adoram rótulos.
Mas, se é assim, eu prefiro a dificuldade de recusar e de me libertar dos rótulos que me são impostos do que me tornar um robô identitário, que (sobre)vive repetindo mecanicamente o discurso e os estereótipos do que é ser homem e ser mulher na nossa sociedade.
Muito menos tenho interesse em manter a coerência entre uma suposta identidade de gênero com um dado tipo de orientação sexual. Essa bobagem de mulher e homem “heterossexual”. O que eu faço entre quatro paredes, já que não tenho o menor tesão de fazer sexo em público, pra todo mundo ver, é problema meu e exclusivamente meu.
Como dizia o inesquecível Chacrinha, eu não vim para explicar; eu vim para confundir.
E peço encarecidamente que não apareça nenhuma débil mental fundamentalista de gênero para “explicar” seja lá o que for ao meu respeito. Aliás, tem que ser muito presunçosa (e burra) para “explicar” o gente é. Gente não comporta nenhum tipo de separação, classificação ou hierarquização: GENTE não tem explicação.
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