A maior parte do que as pessoas trombeteiam ser “elas mesmas”, coisas que orgulhosamente chamam de “suas próprias opiniões”, “seus próprios pensamentos”, “seus próprios sentimentos”, valores, desejos e até atribulações, não passam de “colagens” realizadas ao longo da vida, a partir de parâmetros, modelos e estereótipos dados pela sociedade.
Diante desse quadro desanimadoramente opressivo, do qual pouquíssimas pessoas conseguem escapar, devemos nos preocupar com a sanidade mental de quem afirma tão categoricamente “eu penso isso”, “eu sou isso”, “eu sinto isso”, “essa é a minha opinião”. Uma pessoa assim vive permanentemente em risco de surto psicótico, se descobrir eventualmente não ser nada daquilo que julga ser, com tanta convicção.
Não é fácil chegar a ser a pessoa que a gente realmente é. Quem eu sou não tem nada a ver com quem a sociedade acha que eu devo ser e frequentemente essas duas coisas se encontram em conflito aberto.
Diante das onipresentes pressões da sociedade para conformidade às normas de conduta, o comportamento da maioria é reprimir e recalcar sua própria natureza, seu próprio desejo, sua própria personalidade, enfim, seu próprio ser. No lugar de si próprio, aparece um simulacro de pessoa, modelada a partir dos parâmetros fornecidos pela sociedade.
É esse “robô pré-programado” que se movimento pelo mundo, ostentando uma imagem socialmente aceitável do que a pessoa realmente é.
Para que alguém possa fazer uma afirmação do tipo “eu sou isso ou aquilo”, “eu penso isso ou aquilo”, “eu sou contra ou a favor” de determinada coisa, é necessário que a pessoa tenha feito com ela mesma um exaustíssimo trabalho de remoção das crenças, ideias, marcas, padrões e modelos de conduta que a sociedade lhe impôs, desde antes da sua chegada a esse mundo, ainda no útero da mãe.
Descobrir que eu não sou quem eu julgo ser pode ser um processo muito longo e doloroso que, para sorte da “ditadura da sociedade”, poucas pessoas estão dispostas a fazer. A maioria prefere continuar “conscientemente inconsciente” da sua própria inconsciência.
Contudo, por mais desconfortável e dolorosa que seja, sem essa “profunda revisão de si mesma”, afirmações categóricas do tipo “eu sou isso”, “eu penso assim”, “é assim que eu me sinto” carecem inteiramente de fundamento no campo real. Não passam de fantasias “a respeito de si mesma”, criadas e mantidas por pressões sociopolítico-culturais.
Saber distinguir “fantasia” de “realidade” é a primeira e a mais importante sinalização da pessoa estar gozando de “juízo perfeito”. Mas, infelizmente, só quem se encontra em juízo perfeito é capaz de fazer tal distinção.
2 comentários:
muito legal! parabéns! lindo o que escreveu
Concordo plenamente. E parto da primicia que quem eu estou hoje, na necessariamente é quem sou. Minha sexualidade eu que faço, eu que abraço.Ser feliz e Felicidade, temos que saber distinguir. Agora minha Felicidade é ser quem sou, pois feliz estou, como sou agora.
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