Somos o que as palavras dizem para a gente ser. Antes das palavras, ninguém é nada: apenas corpos sem nenhum significado, classificação, categorização ou hierarquia. São as palavras que operam o milagre de nos transformar, de bonecos de barro, em seres sociais pensantes. Em todos os sentidos, nós somos o resultado das palavras atuando em nós. São as palavras que nos conferem um nome próprio, uma pátria, uma origem familiar, pais, irmãos, tios, avós. São as palavras – discursos – que nos impõem um sexo – macho, fêmea – e um gênero – masculino, feminino. Ninguém nasce com um nome, com uma pátria ou com uma “família”. Repetindo e ampliando a constatação de Simone de Beauvoir, ninguém nasce mulher (ou homem): aprende a ser.
Antes das palavras não temos ideia de quem somos, não temos ideia nem que existimos. São as palavras – os discursos sociopolítico-culturais – que nos especificam quem nós somos. Somos o que a sociedade diz que nós somos. Ficamos alegres e sofremos pelo que a sociedade especifica que devam ser motivos para a nossa alegria e para a nossa infelicidade. Todos os nossos estados de ânimo, as nossas crenças, os nossos valores, absolutamente tudo, não passam de palavras. De um palavrório sem fim ecoando o tempo todo na nossa cabeça.
A civilização se constituiu a partir e em função das palavras. Civilização nada mais é do que a rendição coletiva das pessoas – com seus instintos animais – à força dos regulamentos e padrões de conduta, que nada mais são do que palavras. Como Freud constatou, a civilização começou no dia em que alguém disse um palavrão, em vez de atirar uma pedra.
As palavras são tão poderosas que nos convencem ser realidade concreta coisas que só têm existência metafísica, que transcendem nossa experiência sensível. Assim como a própria civilização, as religiões (e, modernamente, os “coachs”), sempre se valeram da força incontestável das palavras, ou seja, do poder do discurso, como forma de “guiar” (leia-se: submeter) pessoas. Frases como “hei de vencer”, “sou capaz de superar todos os obstáculos” e “nunca abandone os seus sonhos” têm inegavelmente uma força motriz, capaz de mover as pessoas adiante, desde que elas queiram e estejam aptas a serem movidas. Quem nunca viu escrito, num adesivo colado no vidro traseiro de um carro, a frase “Jesus: esse nome tem poder”?
Não é só a palavra “Jesus” que tem poder: toda e qualquer palavra TEM. Assim como a frase “hei de vencer” é capaz de impressionar positivamente a vida de alguém, frases como “eu não dou conta”, “estou cansada de tudo” e “sou um fracasso” também são capazes de sugestionar as pessoas.
E assim como existe o que o politicamente correto tem chamado de “positividade tóxica”, existe o que o politicamente correto ainda não se posicionou para chamar de “negatividade tóxica”, altamente corrosiva, capaz de sugestionar as pessoas com tanta intensidade quanto a sua versão positiva.
Qualquer pessoa sensata sabe que, sem empreender todos os esforços necessários, é pouquíssimo provável que pessoas sugestionadas por discursos positivos atinjam os seus objetivos, fiadas apenas na força das palavras. É impossível que simples palavras produzam grandes efeitos no mundo material, a menos que a pessoa seja o Harry Potter com sua varinha de condão.
Entretanto, observo diariamente na clínica que mensagens negativas têm um efeito extraordinariamente grande na mente das pessoas. O que estou dizendo é que, se ninguém vence simplesmente repetindo o mantra “hei de vencer”, todo mundo se esborracha feio repetindo mantras do tipo “minha vida está uma merda”. O mesmo cérebro, que é tão preguiçoso ou “descrente” em ouvir discursos positivos, deixa-se enredar facilmente por discursos terrivelmente negativos, altamente desoladores e destrutivos.
Concordo plenamente que mensagens positivas podem não levar a lugar algum, tornando-se vazias, inócuas e até mesmo tóxicas na vida de alguém. Mas advirto que, ao contrário, mensagens negativas “colam” com muita, muita facilidade, empoderando os fantasmas internos que todo mundo carrega dentro de si.
Antes das palavras não temos ideia de quem somos, não temos ideia nem que existimos. São as palavras – os discursos sociopolítico-culturais – que nos especificam quem nós somos. Somos o que a sociedade diz que nós somos. Ficamos alegres e sofremos pelo que a sociedade especifica que devam ser motivos para a nossa alegria e para a nossa infelicidade. Todos os nossos estados de ânimo, as nossas crenças, os nossos valores, absolutamente tudo, não passam de palavras. De um palavrório sem fim ecoando o tempo todo na nossa cabeça.
A civilização se constituiu a partir e em função das palavras. Civilização nada mais é do que a rendição coletiva das pessoas – com seus instintos animais – à força dos regulamentos e padrões de conduta, que nada mais são do que palavras. Como Freud constatou, a civilização começou no dia em que alguém disse um palavrão, em vez de atirar uma pedra.
As palavras são tão poderosas que nos convencem ser realidade concreta coisas que só têm existência metafísica, que transcendem nossa experiência sensível. Assim como a própria civilização, as religiões (e, modernamente, os “coachs”), sempre se valeram da força incontestável das palavras, ou seja, do poder do discurso, como forma de “guiar” (leia-se: submeter) pessoas. Frases como “hei de vencer”, “sou capaz de superar todos os obstáculos” e “nunca abandone os seus sonhos” têm inegavelmente uma força motriz, capaz de mover as pessoas adiante, desde que elas queiram e estejam aptas a serem movidas. Quem nunca viu escrito, num adesivo colado no vidro traseiro de um carro, a frase “Jesus: esse nome tem poder”?
Não é só a palavra “Jesus” que tem poder: toda e qualquer palavra TEM. Assim como a frase “hei de vencer” é capaz de impressionar positivamente a vida de alguém, frases como “eu não dou conta”, “estou cansada de tudo” e “sou um fracasso” também são capazes de sugestionar as pessoas.
E assim como existe o que o politicamente correto tem chamado de “positividade tóxica”, existe o que o politicamente correto ainda não se posicionou para chamar de “negatividade tóxica”, altamente corrosiva, capaz de sugestionar as pessoas com tanta intensidade quanto a sua versão positiva.
Qualquer pessoa sensata sabe que, sem empreender todos os esforços necessários, é pouquíssimo provável que pessoas sugestionadas por discursos positivos atinjam os seus objetivos, fiadas apenas na força das palavras. É impossível que simples palavras produzam grandes efeitos no mundo material, a menos que a pessoa seja o Harry Potter com sua varinha de condão.
Entretanto, observo diariamente na clínica que mensagens negativas têm um efeito extraordinariamente grande na mente das pessoas. O que estou dizendo é que, se ninguém vence simplesmente repetindo o mantra “hei de vencer”, todo mundo se esborracha feio repetindo mantras do tipo “minha vida está uma merda”. O mesmo cérebro, que é tão preguiçoso ou “descrente” em ouvir discursos positivos, deixa-se enredar facilmente por discursos terrivelmente negativos, altamente desoladores e destrutivos.
Concordo plenamente que mensagens positivas podem não levar a lugar algum, tornando-se vazias, inócuas e até mesmo tóxicas na vida de alguém. Mas advirto que, ao contrário, mensagens negativas “colam” com muita, muita facilidade, empoderando os fantasmas internos que todo mundo carrega dentro de si.
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