Embora qualquer pessoa consiga enumerar prontamente uma centena de causas para
o seu sofrimento, deixando até mesmo transparecer uma ponta de orgulho pelos
seus padecimentos, a verdade é que não só o sofrimento não serve para nada,
como nos advertiu Freud, como é totalmente dispensável em toda e qualquer
situação.
A questão é que, especialmente graças às chamadas “religiões do livro” (judaísmo, cristianismo e islamismo) e também ao espiritismo, o sofrimento adquiriu status de “comportamento superior”, conferindo uma aura de santidade à pessoa que sofre. Em nossa sociedade, todo mundo aprende desde cedo como é maravilhoso e sublime sofrer, como o sofrimento é capaz de redimir a pessoa dos seus “pecados”, fazendo com que ela alcance, em algum momento, nesta, mas especialmente em “outra vida”, uma grande e “eterna” recompensa, muitíssimo maior do que o somatório de todas as suas angústias e aflições mundanas.
Então, por que não “não sofrer”? Não só está perfeitamente OK como, em razão das imensas recompensas envolvidas, deve ser considerado normal e até desejável sofrer. Da mesma forma que, por extensão, também deve ser considerado perfeitamente aceitável não só assistir passivamente o sofrimento dos outros, como até contribuir eventualmente para que elas tenham motivo para sofrer.
Não é nem preciso que alguém seja suscetível ao sofrimento, nem que seja extremamente mau para ignorar, contribuir ou até mesmo se divertir com o sofrimento do outro: o sofrimento é uma das marcas registradas da civilização. Com suprema maestria, Hannah Arendt chamou de “banalidade do mal” a maneira absolutamente natural e inconsequente com que a nossa civilização é capaz de encarar o sofrimento dos outros.
Sob todos os pontos de vista, sofrimento não é – como jamais deveria ser – um fato normal na nossa sociedade. Como disse Caetano, numa canção célebre, “Gente é pra brilhar / Não pra morrer de fome”. De fome física ou de fome psíquica, de fome de comida ou fome emocional.
O passo seguinte da humanidade envolve libertar-se completamente dessa ideia tresloucada de sofrimento como algo necessário e sublime, como forma de redimir os pecados e habilitar-se a formas mais elevadas de existência, como libertação do karma e purificação, do corpo e da alma. Não existe nada de digno, saudável ou respeitável no sofrimento, qualquer que seja ele. E toda forma de sofrimento, qualquer que seja ela, é igualmente vil, vã e desprezível.
A questão é que, especialmente graças às chamadas “religiões do livro” (judaísmo, cristianismo e islamismo) e também ao espiritismo, o sofrimento adquiriu status de “comportamento superior”, conferindo uma aura de santidade à pessoa que sofre. Em nossa sociedade, todo mundo aprende desde cedo como é maravilhoso e sublime sofrer, como o sofrimento é capaz de redimir a pessoa dos seus “pecados”, fazendo com que ela alcance, em algum momento, nesta, mas especialmente em “outra vida”, uma grande e “eterna” recompensa, muitíssimo maior do que o somatório de todas as suas angústias e aflições mundanas.
Então, por que não “não sofrer”? Não só está perfeitamente OK como, em razão das imensas recompensas envolvidas, deve ser considerado normal e até desejável sofrer. Da mesma forma que, por extensão, também deve ser considerado perfeitamente aceitável não só assistir passivamente o sofrimento dos outros, como até contribuir eventualmente para que elas tenham motivo para sofrer.
Não é nem preciso que alguém seja suscetível ao sofrimento, nem que seja extremamente mau para ignorar, contribuir ou até mesmo se divertir com o sofrimento do outro: o sofrimento é uma das marcas registradas da civilização. Com suprema maestria, Hannah Arendt chamou de “banalidade do mal” a maneira absolutamente natural e inconsequente com que a nossa civilização é capaz de encarar o sofrimento dos outros.
Sob todos os pontos de vista, sofrimento não é – como jamais deveria ser – um fato normal na nossa sociedade. Como disse Caetano, numa canção célebre, “Gente é pra brilhar / Não pra morrer de fome”. De fome física ou de fome psíquica, de fome de comida ou fome emocional.
O passo seguinte da humanidade envolve libertar-se completamente dessa ideia tresloucada de sofrimento como algo necessário e sublime, como forma de redimir os pecados e habilitar-se a formas mais elevadas de existência, como libertação do karma e purificação, do corpo e da alma. Não existe nada de digno, saudável ou respeitável no sofrimento, qualquer que seja ele. E toda forma de sofrimento, qualquer que seja ela, é igualmente vil, vã e desprezível.
É muito difícil entender porque as pessoas precisam sofrer tanto para abrir mão dos seus sofrimentos. Uma explicação possível é que o sofrimento, sendo a droga que é, vicia tanto quanto as piores drogas. A outra explicação é que a sociedade é basicamente construída sobre o sofrimento, com a negação do prazer e a proibição do gozo. Quem tem prazer e, principalmente, quem goza no prazer, vai para o inferno. Mas quem sofre tem o céu (da boca da onça...) como recompensa.
Resista, mesmo quando o sofrimento se insinue como parte necessária do
crescimento, ninguém cresce sofrendo, mas vivendo e aprendendo.
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