Meryl Streep em O Diabo Veste Prada |
Há pessoas que definitivamente não têm espelho em casa. E que se negam peremptoriamente a olhar nos espelhos da rua, que a vida lhes esfrega na cara, o tempo todo, tentando fazer com que essas figuras delirantes coloquem os pés no chão e retornem à realidade.
Acontece que, do ponto de vista psíquico, arrogância e presunção são exatamente o contrário do que elas pretendem ser no convívio diário com outras pessoas. Ou seja, em vez de corresponderem à imagem que se quer passar de uma pessoas altiva, centrada, “resolvida e realizada”, arrogância e presunção são expressões de uma auto-estima muito rebaixada.
A pessoa presunçosa não é, e em geral está muito longe de ser, “aquilo tudo” que se esforça tanto para mostrar que é. Como na piada que se conta por aí, se você comprar uma pessoa presunçosa pelo que ela vale, e vendê-la pelo que ela acha que vale, você fica rico.
E, é claro, por mais que ela tente negar sua auto-estima rebaixada através de pensamentos, palavras e obras grandiloquentes, no fundo ela sabe da sua própria insignificância.
De tal sorte que há uma permanente tensão interna, uma enorme angústia existencial, entre o que a pessoa presunçosa mostra ao mundo e o que ela realmente sente a respeito de si mesma. Por trás da sua notável “falta de espelho” (que tal o MPSE - Movimento das Pessoas Sem Espelho?), não é muito difícil perceber um intenso e doloroso sentimento de menos valia, que busca ser compensado (e recompensado!) por um ego falsamente inflado.
(Letícia Lanz)
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