A família é disparadamente a maior fonte de violência – física e simbólica – contra pessoas transgêneras, contra pessoas LGBT de modo geral. Com raras e escassas exceções, filhos transgêneros são constantemente massacrados, física e moralmente, por pais, irmãos e outros familiares que quase nunca se conformam em ter parentes gênero-divergentes.
Depois da família, vem a escola, encarregada de reproduzir o modelo cisgênero-heteronormativo que prevalece na sociedade e onde o bullying é prática regimental, amplamente apoiada até mesmo por diretores e professores que acreditam ser uma prática capaz de ajudar a "consertar” alunos gênero-divergentes.
O pior é que as possibilidades de atuação direta sobre essas duas entidades – família e escola – é remotíssima. Tratam-se de dois dos principais “pilares” da sociedade, instituições acima de qualquer suspeita, consideradas baluartes do amor, do acolhimento, da compreensão e da solidariedade.
Qualquer política pública deve reconhecer a participação fundamental da família e da escola, tanto na manutenção e defesa intransigentes do modelo heterossexual-cisgênero, quanto no que seria o resgate dos direitos civis das pessoas transgêneras. Não apenas reconhecer, mas desenvolver estratégias adequadas para mudar o comportamento desses importantes mecanismos de coação e coerção social, levando-os a aceitarem a condição transgênera como um fenômeno perfeitamente normal e legal e não como um mal a ser extirpado.
(Letícia Lanz)
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