Pessoas mal-resolvidas sempre foram e sempre serão um grande problema para a coletividade. Ser mal-resolvida significa invariavelmente ser egoísta, vaidosa, invejosa e narcisista, atributos extremamente comprometedores da saúde e da felicidade coletivas.
Mas também é de uma total ignorância e alienação política imaginar que todos os nossos problemas se esgotam na medida em que conseguirmos solucioná-los individualmente. Que, se eu fizer a "minha parte" - "minha parte" aqui significando eu fazer por mim - não preciso fazer absolutamente mais nada. Que, por já ter feito o meu, posso me dar ao luxo de permanecer distante do plano coletivo. Crescimento Pessoal implica em aprender a nos reconhecer e a nos "resolver" completamente como indivíduos sem, contudo, perdermos de vista o coletivo, pois as tensões da vida humana definitivamente não se esgotam na individualidade.
O plano individual é sempre a primeira instância de resolução de problemas, mas está longe de ser a única. Resolver-se individualmente é apenas o começo da solução coletiva dos problemas. E sem que haja uma consistente e contínua solução coletiva dos nossos problemas, até as nossas conquistas individuais correm o risco de se perderem inteiramente.
Esquecemos como é louvar uma realização coletiva e só pensamos em ser reconhecidas e aplaudidas individualmente como pessoas de sucesso. Isso nos transforma em competidoras inveteradas, com uma única ideia na cabeça: vencer, vencer e vencer. E vencer, naturalmente, significa "vencer o outro". Se possível aniquilá-lo a tal ponto que ele jamais volte a nos importunar com sua presença.
Esse individualismo maluco, inteiramente irresponsável e mal-resolvido, é responsável por todas as mazelas que corroem as entranhas das sociedades contemporâneas, onde os indivíduos acham que "se resolver" é, antes de mais nada, "se arrumar financeiramente", mesmo que a custa da penúria dos outros.
Esse individualismo maluco, inteiramente irresponsável e mal-resolvido, é responsável por todas as mazelas que corroem as entranhas das sociedades contemporâneas, onde os indivíduos acham que "se resolver" é, antes de mais nada, "se arrumar financeiramente", mesmo que a custa da penúria dos outros.
A marca
do nosso tempo é a reverência e a exaltação da individualidade
mal-resolvida. A individualidade que busca satisfazer seus próprios
anseios sem ligar a mínima para o contexto da coletividade em que vive. É
essa individualidade, predadora e corrosiva, que não só esconde e
mascara a verdadeira individualidade de cada pessoa como corrói
lentamente as próprias bases da nossa existência em comum.
Contudo, uma das leis mais drásticas do universo é que não há individualidade sem alteridade, ou seja, não existe eu sem o outro. É impossível existir sozinha; é impossível sequer sobreviver sozinha.
Somente a coletividade pode dar consistência às nossas buscas e anseios individuais; somente a coletividade pode acrescentar algo novo e desafiante às nossas conquistas individuais; somente a coletividade pode dar sentido ao que fazemos, pensamos, sentimos e sonhamos no nosso dia-a-dia.
Passar por cima dos interesses coletivos, em nome da realização esdrúxula e sem sentido, dos interesses individuais voltados exclusivamente para o próprio indivíduo, é praticar um lento e seguro suicídio social.
Passar por cima dos interesses coletivos, em nome da realização esdrúxula e sem sentido, dos interesses individuais voltados exclusivamente para o próprio indivíduo, é praticar um lento e seguro suicídio social.
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