Às vezes, sair da nossa vida, é a melhor coisa que a pessoa podia fazer por nós num determinado momento. O problema é que nem a pessoa nem a gente se dá conta que era realmente o melhor, talvez a única coisa a ser feita. Pode ser necessário muito tempo, e geralmente é, como até mesmo umas tantas sessões de análise até a nossa ficha cair.
Pessoas não saem nem entram em nossa vida por acaso. Alguma coisa nos atrai para elas, assim como alguma coisa as atrai para a gente. Nessa atração mútua, estabelecemos um vínculo, que pode durar a vida inteira ou pode se romper na primeira investida do dia-a-dia.
É uma beleza quando a gente consegue perceber, numa boa, que o vínculo está ficando cada vez mais frágil, para não dizer desnecessário e supérfluo. Que muitas vezes, inclusive, já se rompeu faz tempo e a gente foi ficando vinculada apenas por inércia ou por incapacidade de dizer adeus.
Mas o que acaba e fica inevitavelmente se deteriora, pois já não há vida naquele vínculo. Então as coisas começam a se alimentar de passados ou a se nutrir de mudanças fantasiosas no futuro, que jamais irão ocorrer. O presente está uma merda, mas o passado foi bom e o futuro, se Deus quiser, também será.
Até que um dia, por acaso, a porta se abre naturalmente e a pessoa sai e vai embora da nossa vida. Embora a gente não entenda no momento, é o melhor que pode nos ocorrer. De outra maneira, a porta poderia ser arrombada, da maneira mais grotesca possível. Ou a pessoa talvez escapasse pela janela, na calada da noite.
Melhor, portanto, sair naturalmente, pela porta da frente, à luz do dia, com direito a adeus e até nunca mais.
O choro vem e dura, um pouquinho ou um poucão: sofrimento é parte de todo e qualquer processo de separação. Mas acaba passando quando a gente compreende que foi o melhor que poderia ter acontecido a um vínculo que há muito tempo já estava morto
Um comentário:
Falou tudo Letícia!!!
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