Crescer significa superar-se, ou seja, vencer os incontáveis obstáculos pessoais que nos impedem de desabrochar plenamente para a vida e o viver.
Superar o medo de ser a gente mesma, apresentando-nos à sociedade como a pessoa que a gente sente que é, considerando o tamanho e a força de todos os condicionamentos que nos foram impostos para sermos “outra pessoa”, desde o útero da nossa mãe.
Superar a “ferida narcísica” de saber que não somos nem o “centro do mundo” nem o “centro das atenções”, que o outro não é nossa propriedade exclusiva e que muito menos está à nossa inteira disposição o tempo todo, pronto para executar todas as nossas vontades. Mais ainda: que o outro não é obrigado de maneira nenhuma a concordar conosco ou a ter a nossa mesma forma de ver a vida.
Superar a esquizofrenia constante de nos comparar com as demais pessoas, orgulhando-nos de tudo que, na nossa cabeça, tivermos de melhor em relação ao outro e, é claro, nos deprimindo e nos descabelando ao descobrirmos as coisas que o outro tem e a gente, não.
Superar o medo de morrer que, na verdade, não passa do medo crônico de nos entregarmos à vida do jeito que a vida vier.
Superar a autocensura e a crítica castradora que nos impede de fazer a maior parte das coisas que a gente quer e pode fazer.
Superar a tendência para a amargura e a depressão, que esgota inutilmente todas as forças que ainda nos restam para partir para a ação.
Superar a falta de confiança na gente mesma, que nos mantém amarradas ao pé de uma mesa imaginária, incapazes de dar um passo para a nossa libertação.
Superar o adiamento constante, deixando sempre para amanhã e depois de amanhã o que já teria que ter sido feito ontem.
Superar a mania de perfeição e, junto com ela, o medo crônico de errar, que nos impede de tentar coisas novas pelo simples medo de que elas podem dar errado ou não serem “perfeitas”, exatamente como a gente queria.
Superar a vergonha de ser feliz em um mundo onde todo mundo está irremediavelmente condenado a ser infeliz.
Superar a crença de que é muito tarde – ou, paradoxalmente, - muito cedo, para começar ou terminar algo. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Superar a ideia, completamente falsa, de que nossa vida já foi previamente programada pelo destino ou, pior ainda, que os “deuses” e “demônios” estão conspirando o tempo todo, a favor ou contra nós, para termos ou deixarmos de ter a vida que a gente deseja para nós. Destino é só um retrato que a gente tira do futuro e começa a viver em função dele e “deuses e demônios” vão bem, obrigado.
Superar a preguiça e o desânimo e partir para a luta, em vez de continuar nesse “luto” permanente, de boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar, como já disse Raul Seixas.
A vida que você leva é basicamente a vida que você se programou viver. Se você acha que ela está uma merda, está mais do que na hora de mexer na programação que você fez e mudar.
Mas, para isso, será necessário superar uma das piores barreiras que existem que é a incapacidade crônica de mudar o seu próprio comportamento. Sem sair do lugar, você vai continuar indefinidamente onde você está, pelo menos até morrer. Mas, se você não fizer nada, até lá pode piorar muito, viu?
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