Sempre que o país estava em crise, o que, na história do Brasil, é praticamente o nosso dia-a-dia, meu pai, um sábio, costumava dizer que o país era muito maior do que dos homens que o governavam, e que iria sobreviver a tudo.
Entre o besteirol que leio a todo momento sobre o presente, nauseabundo, e o futuro, tétrico, do nosso país, fico com a confiança no meu pai, que nunca me traiu, ao contrário desse bando de pessoas malucas e tresloucadas que preferem apostar no pior a trabalhar pelo melhor.
Pelo menos, é o que faço todo santo dia: trabalhar pelo melhor, ainda que o melhor que eu posso oferecer não esteja nem próximo do que a sociedade acha que é o melhor para ela. Mas é o que sei fazer, lição aprendida há muito tempo no livro Sidharta, de Hermann Hesse. Quando o fazendeiro pergunta a Sidharta o que ele sabe fazer, ele responde prontamente: eu sei trabalhar, eu sei orar e eu sei esperar.
Em tempos sombrios como os nossos, sei que muita gente já desistiu de acreditar e esperar no Infinito Poder do Universo e realmente não é fácil ver esse Poder ser negociado por fundamentalistas crentinos.
Mas sem acreditar que somos maiores do que issotudoquetaí também não iremos a lugar nenhum. O destino do Brasil não é essa farofa de egos corruptos e mal-passados que transformaram a vida do país em um grande cassino. O destino do Brasil são os nossos sonhos, que eu quero deixar intocados e amplificados para os meus queridos netos.
Portanto, não invisto um centavo furado na perspectiva sacana do quanto pior, melhor. Não acredito nesses homens e pouquíssimas mulheres que estão no comando do país. Mas acredito na multidão enorme de homens e mulheres que, tal como Sidharta, trabalha, ora e espera. Não em templos salomônicos, mas na máquina de costura, no fogão, no caminhão, na enxada, no computador e na pá escavadeira. Porque sabem que a única oração que funciona é o trabalho dedicado, que vai além de encher a barriga, compreendo seu papel transformador da realidade humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário