domingo, 18 de dezembro de 2016

Sem paixão, minha vida fica um saco

Não conheço nenhuma outra razão para estar viva do que a paixão. Definitivamente, sou uma pessoa movida a paixão: sem paixão, minha vida fica um saco.

Para mim, viver apaixonadamente é questão de sobrevivência. Apaixonada com minha família, com essas pessoas que eu amo e que eu sei que me amam incondicionalmente. Apaixonada pelas pessoas que, como dizia minha amiga Miriam Coutinho, arranjam coragem suficiente para se aproximar de mim. Apaixonada pelas causas em que estou engajada, pelo meu trabalho, pelas pessoas que têm a ousadia de me escolher como sua analista. Apaixonada por cozinhar, por combinar ingredientes com mesmo carinho e requinte com que combino roupas, sapatos e bijuterias, oferecendo ao mundo pratos e produções atraentes e saborosas que nem todo acha bonita ou gosta, como é e deve ser no mundo absolutamente plural em que eu acredito e defendo. Apaixonada, enfim, pela arte e pela artista que existe e resiste em mim.


Tudo na vida é paixão (1987)
Geraldo Eustáquio de Souza/Letícia Lanz

Paixão é artigo de primeira necessidade na cesta básica da vida,
da vida vivida até as últimas consequências.

Se pouca, é sinal de vida morna,
sem riscos de incêndio ou tempestade.
Dias sempre os mesmos e noites sempre iguais
ritual de tédio e morte que muitos chamam de segurança.

Se grande, é marca de sofrimento e êxtase,
lucidez e loucura, amor e ódio
e todos os opostos juntos e ao mesmo tempo
unidos pela terra, pelo ar, pela água
e pelo fogo - diabolicamente divino -
que transforma em chama ardente
a breve aragem que a vida é
e faz o peso da carga ser suave
e o cansaço um puro prazer.

Vai e enche de paixão os vazios
que ficam de ser sozinho no mundo.

Vai e tece com paixão
a rede que abriga e aquece as pessoas as coisas e as relações
que tudo na vida é paixão,
na vida comprometida com o que de mais humano nela há.

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