Tudo bem que a pessoa mude o que quiser no seu próprio corpo: o corpo é dela e ela faz com ele o que quiser, embora haja sempre algum igrejeiro moralista ou político fascista querendo impor o que fazer ou que o que deixar de fazer das nossas vidas.
Porém muita gente acha que estará mudando de verdade se fizer uma cirurgia plástica para mudar o formato do nariz ou o contorno do queixo. Mudar é mudar a essência e não a aparência.
Quando a pessoa muda em sua essência, tanto faz ela mudar ou não sua aparência. O que conta, de verdade, é o que está dentro, não o que está fora. O que conta é o conteúdo, não o formato ou o rótulo do frasco.
Como a mudança interior exige muito trabalho, além de ser chata e demorada, a maioria das pessoas acha que estará tudo resolvido com uma “boa guaribada” do lado de fora.
O resultado de mudanças externas, feitas no lugar de mudanças internas ou na esperança, tola, de que as internas virão “por elas mesmas”, costuma ser tão lastimável quanto a famosa história da galinha que resolve se vestir com penas de pavão.
Não é o lado de fora que define e molda o lado de dentro, mas exatamente o contrário. Embora uma boa caprichada no visual possa contribuir para melhorar o astral de qualquer pessoa, os efeitos são sempre tipo Cinderela: à meia noite tudo volta a ser abóbora.
O lado de fora é apenas um reflexo de como eu me sinto por dentro e como eu me sinto por dentro estará sempre refletido em como eu me apresento por fora, por mais que eu tente dissimular isso, o que é quase impossível para uma pessoa observadora.
Quem não conhece pessoas naturalmente bonitas, mas que, por uma série de conflitos internos, se acham feias e inadequadas? Se tiverem chance (leia-se dinheiro...), essas pessoas farão de tudo para “corrigir” e “aperfeiçoar” o que julgam ser “imperdoáveis imperfeições” em si mesmas. Como consequência, na maioria das vezes, acabam matando a própria beleza, ficando feias exatamente por tentarem ficar bonitas.
Preferiram investir na mudança exterior como forma de compensar a incapacidade de se olharem por dentro e de promover as mudanças realmente importantes e necessárias no seu comportamento. Tivessem tido a paciência de olhar com mais rigor o seu lado de dentro talvez não fossem tão rigorosas e exigentes com o seu lado de fora. Talvez aceitassem e até se divertissem em assumir suas pequenas imperfeições e desajustamentos em relação aos “padrões” de beleza impostos pela sociedade.
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