A identidade de gênero, como qualquer outra convenção social, pode ser muito útil em inúmeras situações da vida diária.
Em princípio, não há nada de errado com a diferenciação entre as pessoas a partir do seu sexo biológico ou seja, a partir de diferentes aparelhos genitais que configuram o que conhecemos como sendo o macho e a fêmea da nossa espécie.
As características fisiológicas e anatômicas distintivas do macho e da fêmea são básicas, por exemplo, na definição de modelos de assistência médica dirigidos ao atendimento do homem e da mulher.
O problema surge quando a identidade de gênero – homem ou mulher – deixa de ser considerada uma convenção e passa a ser tomada como uma obrigação, um “dever político” na sociedade em razão do que a pessoa traz entre as pernas. Quando a diferença sexual entre o macho e a fêmea vira matéria-prima para um sistema de classificação e controle de pessoas, a identidade de gênero passa a ser um sistema arbitrário de produção de hierarquias e desigualdades.
A desconstrução do binarismo de gênero não aponta necessariamente para a destruição das identidades de homem e mulher, mas para uma ampla e total flexibilização dessas identidades assim como para a sua ampla pluralização.
Diante das enormes fissuras, fraturas e inconsistências do binarismo de gênero, Insisto que é preciso pensar e questionar a fundo o que se entende por conceitos como "homem", "mulher", "corpo" e "sexo".
Embora não haja nenhuma verdade absoluta, indiscutível, definitiva e irrevogável nas definições em uso, para as pessoas em geral esses conceitos continuam sendo paradigmas inquestionáveis que inibem e descartam sumariamente outros conceitos, procedimentos e práticas existenciais relacionadas a gênero.
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