- Eu vou vivendo.
Era assim que minha vó respondia quando lhe perguntavam como ela estava passando.
Nunca me dei ao trabalho de pesquisar se era uma expressão comum do seu tempo ou se era simplesmente invenção dela, jeito próprio de responder a um cumprimento sem cair em chavões do tipo "tô bem e você?".
Nunca me dei ao trabalho de pesquisar se era uma expressão comum do seu tempo ou se era simplesmente invenção dela, jeito próprio de responder a um cumprimento sem cair em chavões do tipo "tô bem e você?".
Para mim a resposta "eu vou vivendo" é perfeita. Além de ser obviamente o que uma pessoa faz, o tempo todo, enquanto estiver viva, é uma maneira elegante e sutil de não fazer nenhum julgamento a respeito da vida que a pessoa está levando naquele momento e naquele lugar.
No seu "Tratado Geral dos Chatos", Guilherme de Figueiredo dá, como uma das definições possíveis de "chato", o sujeito que você pergunta como ele está e ele explica.
Talvez seguindo inconscientemente a herança existencial da minha vó, quando me perguntam como eu estou respondo: "sem queixas".
- "Mas então você está bem demais!", a maioria comenta.
- "Não é bem assim, não, respondo. Queixas eu tenho às dezenas. Eu não tenho é com quem me queixar".
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