O país está exaurindo as nossas forças sem nos dar nada em troca, nem mesmo alguma luz sobre o nosso futuro, cada vez mais incerto e não sabido e, certamente, uma das nossas grandes preocupações.
Chegamos naquele ponto da vida nacional em que quase tudo funciona mal, é mal feito, tocado, ou nem funciona mais, se é que funcionou algum dia. Escândalos de corrupção de tal maneira já se tornaram parte da nossa paisagem diária que se tornaram vulgares, banais, supérfluos, cansativos e sem sentido. E quando se trata de punir os responsáveis por esses escândalos, políticos de direita e também de esquerda se unem a juízes corrompidos para dizer que a apuração dos fatos está “atropelando” a “normalidade democrática” do país.
Paralelamente aos escândalos, ou junto com eles, ou quem sabe até como consequência deles, fomos nos tornando mais pobres, mais doentes, mais desesperançados, mais tristes e mais infelizes. Como remédio para tantos males, os médicos, associados à grande indústria farmacêutica, nos oferecem ansiolíticos e anti-depressivos e os religiosos, associados à direita fundamentalista macabra dos Estados Unidos, nos oferecem a teologia da prosperidade, em que Deus é vendido em pílulas milagrosas de salvação financeira, familiar e profissional.
Neste momento, não deve haver uma única pessoa razoavelmente sensata no país capaz de dizer que já não está de saco cheio com issotudoquetaí. No entanto, a despeito da encheção geral, ninguém consegue mover uma palha. Tornamo-nos pessoas hipnotizadas pela própria sorte e não conseguimos fazer mais nada a não ser assistir tudo de forma completamente passiva e alienada.
Mas há um grito amortecido dentro de cada pessoa desse país. Hoje lhe falta forças para sair pra fora e se manifestar em toda a sua intensidade, matando de susto os nossos governantes e ensurdecendo falsos religiosos que se refugiam no culto para praticar toda sorte de ocultos ilícitos.
Como no verso da canção portuguesa, aqui cantada por Maria Bethania, "é lucidez, desatino / de ler no próprio destino / sem poder mudar-lhe a sorte".
Como no verso da canção portuguesa, aqui cantada por Maria Bethania, "é lucidez, desatino / de ler no próprio destino / sem poder mudar-lhe a sorte".
2 comentários:
Você é maravilhosa!
Sinto-me assim tbm. Peito apertado, sensação de total desrespeito a mim,
A todos!
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