domingo, 28 de junho de 2020

28 de junho de 2020

As lendárias travestis Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera,
líderes do levante de Stonewall
28 de junho é a data que marca o início do levante do bar Stonewall, no bairro Greenwich Village, de Nova Iorque. A rebelião, iniciada nas primeiras horas de 28 de junho de 1969, que foi comandada por duas travestis históricas (e esquecidas pela história...) - Marsha Johnson e Sylvia Rivera -, tornou-se o grande marco histórico na luta pelos direitos da população LGBT, não só nos EUA mas em todo o planeta, dando origem a inúmeros movimentos de defesa identitária LGBT bem como às chamadas "paradas do orgulho gay", hoje ampliadas para paradas do orgulho LGBT.

51 anos depois, as condições de parte da população LGBT ao redor do mundo estão inegavelmente melhores em inúmeros aspectos. Em muitos país, já existe o mínimo de respeito e proteção legal a orientações sexuais e identidades de gênero que, há 51 anos, eram consideradas comportamentos e práticas totalmente ilegais, além de serem totalmente patologizadas. Infelizmente, a população LGBT continua sendo perseguida em inúmeros outros países, onde é excluída, proscrita, marginalizada e reprimida com todas as formas de violência física e moral.
Nas palavras de Harvey Milk, um dos mais importantes líderes estadunidenses do movimento LGBT que se sucedeu à rebelião de Stonewall, o lugar das pessoas LGBT não é no armário, reprimidas e recalcadas, mas nas ruas, vivendo em condições de igualdade com todo mundo. Seguindo os passos de Milk, a inclusão plena, total e irreversível da população LGBT como parte normal na vida da sociedade é o grande objetivo de qualquer movimento de representação.
Como afirmei no início desse texto, já evoluímos sensivelmente desde a deflagração do levante de Stonewall. Ainda há muito, mas muito mesmo, a ser feito para se atingir, local e mundialmente, a ampla e total inclusão da população LGBT.
Mas uma coisa é certa: se daqui a 20 ou 30 anos as pessoas ainda forem marcadas e punidas através de identidades estigmatizadas – pelas quais, inclusive, muitos movimentos teimam paradoxalmente em lutar – os movimentos de inclusão terão fracassado redondamente no seu propósito principal. Esse, infelizmente, é um perigo sempre presente em movimentos de cunho identitário: esquecerem-se dos seus objetivos de reconhecimento, aceitação e inclusão plena das pessoas representadas, dedicando-se a defender, de forma radical e intransigente, a permanência histórica das próprias identidades estigmatizadas.

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