sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Por um lugar ao sol

Foi assim ao longo de toda a história humana. Esses tempos de altas tecnologias só aumentaram o tamanho desse buraco. E, naturalmente, o tamanho da dor da grande maioria de pessoas que ingressa nessa “corrida de ratos”, ao verem que só uns poucos conseguem atingir as metas megalomaníacas acenadas pela sociedade, com a mentirosa mensagem de que qualquer um pode atingi-las, desde que tenha vontade, disposição para o trabalho, persistência e, ultimamente, a tal “resiliência”.

E dói pacas ver que, entre os poucos que conseguem atingir as tais metas megalomaníacas, só um ou outro tem mérito pessoal. A maioria atinge por sorte, por simples acaso, por estar na hora certa no lugar certo ou por ter nascido em berços de ouro.

Quem não é sucesso, é uma apagada. Quem não tem fama, é uma desconhecida. Quem não tem dinheiro, é uma perdedora. Quem não tem poder, é uma fracassada. São essas “mentiras deslavadas”, marteladas dia e noite na cabeça das pessoas, que constituem a verdadeira causa da depressão e, agora, do burn out, que no fundo é a mesma merda, com nome revisto e atualizado.

Depressão e burn out não tem remédio que cure. Nem fórmulas existenciais mágicas, tão amplamente divulgadas por “influencers” e adotadas por milhões de seguidores “idioters”. A única cura possível de depressão e burn out é renunciar ao mundo de promessas ilusórias que a sociedade de mercado enfiou na cabeça das pessoas. Diga-se de passagem, algo dificílimo de se fazer num ambiente que passa o tempo todo estimulando, cada vez mais, a louca corrida de ratos em que estamos mergulhadas até o pescoço, nessa competição desenfreada “por um lugar ao sol”.

Nenhum comentário: