Dorothy enfrenta a bruxa malvada do oeste, no filme O Mágico de Oz |
As eleições municipais no Rio de janeiro refletem o que está acontecendo no Brasil de hoje. De um lado, o cruel recrudescimento de uma direita que parecia morta, mas que está vivinha da silva, completamente torta como sempre foi, disfarçada de salvadora da mesma Pátria e das mesmas instituições que ela se especializou em transgredir impunemente, pregando a justiça e a correção com suas segundas, terceiras e quartas intenções guardadas na manga até os cotovelos.
Do outro, uma esquerda que até ontem estava vivinha da silva, com uma saúde e uma vontade de ferro, capaz de cruzar oceanos a nado para alcançar os seus ideais de direitos humanos e justiça social. Mas que, de repente, adoeceu, ou melhor, foi adoecida, por políticos e militantes que diziam querer isso mas acabaram fazendo aquilo, completamente seduzidos e cooptados por encantadores de serpentes das classes dominantes.
O Rio de Janeiro é um retrato patético desse imbróglio monumental, em que os ladrões clássicos posam de defensores da lei e da ordem e os agentes de mudança ainda estão perdidos, moendo de dores mal elaboradas e falidos de estratégias capazes de mobilizar a opinião pública.
De um lado, um bispo neopentecostal, engambelador profissional, representando o que há de mais velho, surrado, podre e ultrapassado na sociedade desse início de século XXI. Do outro, um político vigoroso, intenso na sua fala, anunciando futuros que não vieram e que as pessoas cansaram de tanto esperar.
De um lado, o pesadelo de um passado necrosado e asqueroso que teima em dar as cartas no presente, no mesmo jogo sujo e safado que sempre jogou. Do outro, o sonho de um futuro claro e brilhante, de esperança sem medo, sem cartas marcadas e sem mangas para escondê-las.
O pesadelo, especialista em fazer safadezas e sacanagens com as quais até o demônio se assusta, promete paz e prosperidade e demoniza o sonho como sendo responsável por toda a merda que aí está.
O sonho, embalado em formas de sonhar que também foram ficando vencidas, anuncia as grandes tragédias que virão se o pesadelo vencer. E o pior é que virão mesmo.
Mas se eu fosse votar no Rio, eu passaria por cima de todas essas evidentes contradições e votaria no sonho. De um lado, porque eu nunca aprendi a votar em nada que não fosse o sonho. De outro, porque eu sempre acordei com muita dor de cabeça quando algum pesadelo invadiu a minha vida, como está fazendo agora, aproveitando-se das fraquezas do meu sonhar.
Voto no sonho, sim, porque todo pesadelo é inerentemente ruim. E fim.
O Brasil ainda é o país do futuro. Não me custa nada sonhar, mais um pouquinho. Sonharemos juntas, se você quiser.
PS - azar, mesmo, é o meu - o nosso - aqui em Curitiba, onde o pesadelo já venceu por antecipação, qualquer que seja o resultado da eleição. Coitada da população...
PS - azar, mesmo, é o meu - o nosso - aqui em Curitiba, onde o pesadelo já venceu por antecipação, qualquer que seja o resultado da eleição. Coitada da população...
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