A pessoa que usa palavras empoladas não está a fim de lhe passar nenhuma informação, mas apenas de impressionar você, provavelmente tentando demonstrar um conhecimento que ela nem tem.
Isso não significa, porém, que alguém que simplifica as coisas ao extremo esteja lhe passando alguma informação verdadeira ou apenas “doutrinando” você, da forma mais superficial possível, para aceitar as crenças, valores, opiniões, dogmas e pontos de vista que ela defende.
Tudo que faz sentido pode e deve ser explicado de maneira simples porque a verdade é simples, mas nunca simplista ou simplória. Simplicidade é um requisito indispensável da informação consistente e verdadeira, mas não devemos confundir simplicidade com simploriedade, que é a exposição de um assunto a partir de posições altamente ingênuas e simplórias, ou simplismo, que é a ultrassimplificação das coisas, de tal maneira que são omitidos ou ficam encobertos aspectos fundamentais e altamente relevantes de uma questão.
Esse é o perigo desses tempos modernos, onde as pessoas se deixam inebriar facilmente por vídeos, tão coloridos e vistosos quanto simplistas e simplórios. Obviamente, esses vídeos tão atraentes são feitos com o propósito de “desobriga-las” da incômoda tarefa de ler e estudar um determinado assunto, de modo a “facilitar” imensamente o seu “entendimento” das coisas. A questão é que “facilitar” é um verbo que pode resvalar muito facilmente para “deturpar” as coisas.
E é assim, de maneira totalmente deturpada, equivocada, ingênua ou ultrassimplificada que boa parte das informações e conhecimentos estão circulando na internet. Ninguém parece interessado em checar as fontes, a idoneidade das pessoas que estão passando a informação ou conhecimento ou, pelo menos, a sua formação específica na área da qual costumam falar com tanta desenvoltura, impressionando e convencendo as plateias, cada vez mais incautas e incapazes de distinguir “penico” de “xícara” ou, para em linguagem mais impostada, o joio do trigo.
1 – Não se deixar levar pelo “invólucro” da mensagem: veneno de rato também costuma ser vendido em embalagens bem atraentes.
2 – Não imaginar que, pelo fato da pessoa ser uma “celebridade” ela se torna automaticamente uma “autoridade” no assunto em que está expondo ou debatendo.
3 – Não misturar “crença religiosa” com ciência. O criacionismo, por exemplo, que é a crença religiosa de que o criador teria feito o mundo todo de uma só vez não encontra nenhum respaldo ou fundamento em nenhuma ciência.
4 – Pesquisar um assunto até se sentir em condição de debater sobre ele, com o mínimo de propriedade e fundamento nas suas colocações.
5 – Não tomar a opinião de alguém sobre um determinado assunto, incluindo a sua própria opinião, como VERDADE DEFINITIVA a respeito do que quer que seja. Aliás, não existe nada mais tolo do que participar de um debate dizendo que “todo mundo tem direito a ter a sua própria opinião”. É óbvio que tem esse direito, mas há uma diferença abissal entre ter a sua própria opinião e querer transformá-la em VERDADE ABSOLUTA E INQUESTIONÁVEL.
6 – Se acha que ainda não sabe o suficiente a respeito de um assunto, evite discutir sobre ele com base na sua simples “teimosia narcísica” de achar que o que você acha que sabe é tudo que se tem pra saber a respeito da matéria.
7 – Existem, sim, posições mais consistentes, mais bem fundamentadas e, portanto, melhores do que a sua. Seja honesta o suficiente para reconhece-las quando estiver diante delas.
8 – Demore mais para tirar conclusões e mais ainda para passá-las adiante. Quando um cego guia outro cego, vão ambos pro buraco.
9 – Descarte informações e conhecimentos falsos, o que quer dizer sem fundamento, e não perca seu tempo discutindo com quem se julga porta-voz de verdades absolutas e inquestionáveis, pois você perderá sempre.
10 – A busca da verdade é uma jornada interminável e qualquer “verdade” que se alcance é apenas um aspecto da verdade maior e muito mais ampla que jamais poderá ser atingida.
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