domingo, 11 de dezembro de 2016

Se você se amasse, você saberia como é que as outras pessoas querem ser amadas.

Fala-se muito do amor como senha de acesso ao território do outro, com delicadeza, ternura e acolhimento, sem nenhum preconceito ou juízo de valor. Mas, para que exista esse "amor-passaporte-para-o-outro", é necessário, antes, que a pessoa se ame, que tenha amor pela pessoa que ela é.

É impossível amar alguém se a pessoa se comporta com ela mesma das formas mais desamorosas possíveis. O tratamento que a gente dá ao outro é apenas uma extensão do tratamento que a gente dá à gente mesma.  

Você só pode compreender e aceitar o que as outras pessoas são se for capaz de compreender e aceitar a pessoa que você é.

Se você é uma incógnita para você mesma, se vive com medo de se olhar no espelho e ver coisas que você não gosta, dificilmente vai conseguir aprofundar a relação com as outras pessoas, pois você tende a vê-las exatamente como você se vê.


Você jamais censuraria alguém, pelo que quer que fosse, se não passasse o tempo todo se censurando.

Você jamais impediria uma pessoa de fazer alguma coisa que ela quer e pode fazer, se não vivesse se desautorizando e se impedindo de fazer as coisas que você quer e pode.

Você aconselharia qualquer pessoa a ouvir e respeitar as próprias opiniões dela, em primeiríssimo lugar, se não vivesse abrindo mão das suas próprias opiniões em favor das opiniões dos outros.

Você acolheria e protegeria os sonhos das outras pessoas se soubesse o valor de acolher e proteger os seus próprios sonhos.

Você não chamaria de louca uma pessoa que está correndo atrás da realização do desejo dela se, você mesma, estivesse empenhada na realização do seu desejo.

Você não excluiria ninguém, se não vivesse se auto-excluindo.

Você respeitaria a identidade de gênero e a orientação sexual das outras pessoas se não tivesse tanto medo e vergonha de conhecer e explorar a fundo a sua própria sexualidade.


Enfim, se você se amasse, você saberia como é que as outras pessoas querem e precisam ser amadas.

Amor pelo outro é só uma outra faceta do amor pela gente mesma. Só quem se ama a si mesma é capaz de saber o que é amar outra pessoa.

Quem vive dando pontapés no próprio traseiro nunca será capaz de se aproximar do outro com beijos e abraços. A menos que seja, é claro, com a intenção de manipular o outro em favor dos próprios interesses.

Amor puro e verdadeiro pelo outro só surge quando aprendemos a ser a fonte do nosso próprio auto-amor. 

Um comentário:

Unknown disse...

Tudo que você escreve é lindo,ontem comprei dois azulejos poetizados,e até hoje guardo com carinho a caixinha de pensamentos que vc e Angela me deram!Comprei seu livro estou relendo e gosto tanto tanto de tudo que leio que dou de presente...mas na verdade queria dizer que você é um presente e que sempre que te encontro tenho vontade de desembrulhar,apertar e abracar muito.Te amo!Feliz 2017 minha queridissima amiga!otimas festas!