Vivian Miranda, 33 anos, física e cosmologista brasileira, doutora em cosmologia pela Universidade de Chicago, atualmente pesquisadora da Universidade do Arizona e colaboradora da NASA no projeto do telescópio espacial WFIRST, tido como prioridade da pesquisa decenal da agência espacial.
O destaque de sua pesquisa em cosmologia fez com que Vivian se tornasse a primeira brasileira a receber um prêmio que reconhece o sucesso de mulheres cientistas na área da física, o Leona Woods Award. Vivian é também uma mulher transgênera, o que faz da sua trajetória algo muito especial.
Mulheres transgêneras, em particular travestis, desde cedo têm o seu horizonte restrito à prostituição como forma de sobrevivência. Com um pouco mais de sorte (é sorte mesmo!) e "passabilidade" ("beleza" feminina), umas poucas conseguem espaço no mundo artístico. Mas é raríssimo o ingresso de pessoas trans no mundo empresarial e na academia. Os próprios movimentos trans reproduzem insistentemente o discurso de subalternidade e marginalidade imposto pela sociedade às pessoas transgêneras.
Mulheres transgêneras, em particular travestis, desde cedo têm o seu horizonte restrito à prostituição como forma de sobrevivência. Com um pouco mais de sorte (é sorte mesmo!) e "passabilidade" ("beleza" feminina), umas poucas conseguem espaço no mundo artístico. Mas é raríssimo o ingresso de pessoas trans no mundo empresarial e na academia. Os próprios movimentos trans reproduzem insistentemente o discurso de subalternidade e marginalidade imposto pela sociedade às pessoas transgêneras.
Eu me lembro que, quando fui a São Paulo receber o prêmio Cláudia Wonder, lideranças desses movimentos disseram que, além de eu não merecer o prêmio, eu não tinha nenhuma representatividade, uma vez que eu nunca tinha "feito pista"... Relevei a ignorância dessas pessoas, à época em posição de destaque nos movimentos trans, e afirmei que, apesar de respeitar muitíssimo a prostituição como forma de vida legítima, não acreditava ser necessário submeter-me a ela pois representatividade se faz com a cabeça e com o coração, e não com partes íntimas do meu corpo.
Para mim, é uma glória - e uma vitória política - ver uma pessoa transgênera brilhar no mundo da ciência, gabaritando-se para representar outras pessoas transgêneras em outros espaços sociopolíticos, muito além da marginalidade das pistas e do glamour passageiro dos desfiles.
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