O que não deixa de ser verdade. Somos todas responsáveis por essa sociedade suja e hipócrita, capaz de ferir alguém tão profundamente em razão de coisas absolutamente artificiais, absurdas e banais como cor da pele, peso, altura, identidade de gênero, orientação sexual, classe socioeconômica, modo de andar, de falar, e tantas outras besteiras semelhantes com potencial de produzir e alimentar o preconceito e a discriminação.
Traições, humilhações, desrespeitos, exclusões, cancelamentos e incompreensões são fonte inesgotável de pessoas machucadas que, ou se tornam amargas, solitárias e isoladas do resto do mundo, sofrendo caladas o peso do seu martírio, ou se tornam pessoas cruéis e vingativas, determinadas a azucrinar a vida de todos os demais, de destruir o mundo, como forma de se livrarem do seu sofrimento. São raríssimas aquelas pessoas que, diante das agressões do mundo, comportam-se como Francisco de Assis, amando mais ainda a humanidade, levando à risca aquela frase de "quadrinho de varanda": sê como o sândalo que perfuma o machado que o fere.
Pessoas machucadas podem ser aliviadas, sim, com palavras e gestos de ternura e acolhimento. Mas a cura definitiva das suas feridas depende da evolução de toda a sociedade para um patamar de igualdade, respeito e justiça social para todas as pessoas, utopia infelizmente ainda muito distante no horizonte da humanidade. Por enquanto, tenhamos complacência com pessoas machucadas, especialmente se você for uma dessas pessoas.
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