A verdade é que a verdade dói. Por não ser óbvia, a verdade obriga a pensar, a pesquisar, a buscar explicações outras além da superficialidade de crenças absurdas que dão suporte à falsidade e à mentira. A verdade é que a verdade abre espaço para a dúvida e para muitos (e possivelmente grandes) conflitos de consciência. Por isso mesmo, a mentira sempre atraiu e teve um público gigantescamente mais numeroso.
Ao contrário da verdade, que exige muita paciência, muito debate, muita investigação até poder ser razoavelmente aceita, a mentira não requer nenhum tipo de questionamento, constituindo-se numa espécie de verdade “em si mesma”, ou seja, um dogma, do qual não se pode nunca duvidar, sob pena da pessoa ser excluída do jogo. Só a inocência de uma criança para denunciar que "o rei está nu"...
É mais fácil acreditar que o capeta é o responsável pelas merdas que a pessoa faz do que ela assumir seus malfeitos, responsabilizar-se por eles, posicionar-se diante deles, entender sobretudo a motivação e as circunstâncias que a fez praticar tais atos. Fácil, também, é imaginar que um terceiro, por intermédio de encantamentos e feitiçarias, pode levar a pessoa a cometer atos obscenos e reprováveis: “enfeitiçada” – ou bêbada (kkkk!), a pessoa não se encontrava em pleno domínio das suas faculdades quando cagou fora do penico.
Auto engano é uma mentira que a pessoa prega para si mesma, a fim de convencer, primeiro a si própria, e depois ao resto do mundo, de que essa é sua verdade. Em grande parte, como se pode verificar na clínica psicanalítica, o auto engano é uma produção do inconsciente, um refúgio mental que a pessoa utiliza para escapar da dureza e da dor de enfrentar uma verdade. Mas, frequentemente, é também uma produção consciente e deliberada, que alguém utiliza, sem nenhuma ética ou pudor, para submeter, manipular e controlar pessoas crédulas, de poucos recursos intelectuais ou preguiçosas demais para correr atrás da verdadeira verdade.
Pesquisas em ciências sociais demonstram que mesmo pessoas mediana e comuns se auto enganam com a finalidade de persuadir ou trapacear com elas mesmas e/ou com os outros de modo mais eficaz. Mesmo pessoas com a autoconfiança aparentemente reduzida ou rebaixada, costumam se comportar como se fossem mais inteligentes, mais perspicazes, mais honestas, mais bonitas, mais capazes, mais bem intencionadas, etc., do que as demais. Tendo suas vidas radicalmente definidas e parametradas pelas regras do neoliberalismo empreendedorista-competitivo da economia de mercado, o auto engano é um comportamento perfeitamente justificável, uma verdadeira estratégia de salvação e auto proteção.
Qualquer pessoa pode perceber os ganhos, privilégios e vantagens que podem usufruir se se apresentarem e forem publicamente reconhecidas num perfil pessoal e profissional muitíssimo melhor do que o perfil das outras pessoas. Mesmo que não passe de auto engano, consciente ou inconsciente, a “excepcional pontuação” que se concedem em todo e qualquer quesito em jogo, estarão em condições de ocupar o topo da hierarquia sociopolítico-cultural em vigor.
Há uma evidente disfunção psíquica e comportamental na adoção do auto-engano. Como diz o ditado, a mentira tem perna curta. Tudo que é falso está permanentemente em risco de ser desmascarado. Mas esse risco, infelizmente, é muito pequeno numa sociedade disjuntiva, decadente e moralmente desgastada como a nossa. O auto-engano pode sobreviver – e efetivamente sobrevive – por muito mais tempo do que se imagina.
É preciso que o “mito” faça besteiras imensas, humanamente impensáveis, para que seus seguidores comecem a debandar. Especialmente quando o auto engano do mito é parte integrante e dá sustentação ao próprio auto engano dos seus seguidores.
Ao contrário da verdade, que exige muita paciência, muito debate, muita investigação até poder ser razoavelmente aceita, a mentira não requer nenhum tipo de questionamento, constituindo-se numa espécie de verdade “em si mesma”, ou seja, um dogma, do qual não se pode nunca duvidar, sob pena da pessoa ser excluída do jogo. Só a inocência de uma criança para denunciar que "o rei está nu"...
É mais fácil acreditar que o capeta é o responsável pelas merdas que a pessoa faz do que ela assumir seus malfeitos, responsabilizar-se por eles, posicionar-se diante deles, entender sobretudo a motivação e as circunstâncias que a fez praticar tais atos. Fácil, também, é imaginar que um terceiro, por intermédio de encantamentos e feitiçarias, pode levar a pessoa a cometer atos obscenos e reprováveis: “enfeitiçada” – ou bêbada (kkkk!), a pessoa não se encontrava em pleno domínio das suas faculdades quando cagou fora do penico.
Auto engano é uma mentira que a pessoa prega para si mesma, a fim de convencer, primeiro a si própria, e depois ao resto do mundo, de que essa é sua verdade. Em grande parte, como se pode verificar na clínica psicanalítica, o auto engano é uma produção do inconsciente, um refúgio mental que a pessoa utiliza para escapar da dureza e da dor de enfrentar uma verdade. Mas, frequentemente, é também uma produção consciente e deliberada, que alguém utiliza, sem nenhuma ética ou pudor, para submeter, manipular e controlar pessoas crédulas, de poucos recursos intelectuais ou preguiçosas demais para correr atrás da verdadeira verdade.
Pesquisas em ciências sociais demonstram que mesmo pessoas mediana e comuns se auto enganam com a finalidade de persuadir ou trapacear com elas mesmas e/ou com os outros de modo mais eficaz. Mesmo pessoas com a autoconfiança aparentemente reduzida ou rebaixada, costumam se comportar como se fossem mais inteligentes, mais perspicazes, mais honestas, mais bonitas, mais capazes, mais bem intencionadas, etc., do que as demais. Tendo suas vidas radicalmente definidas e parametradas pelas regras do neoliberalismo empreendedorista-competitivo da economia de mercado, o auto engano é um comportamento perfeitamente justificável, uma verdadeira estratégia de salvação e auto proteção.
Qualquer pessoa pode perceber os ganhos, privilégios e vantagens que podem usufruir se se apresentarem e forem publicamente reconhecidas num perfil pessoal e profissional muitíssimo melhor do que o perfil das outras pessoas. Mesmo que não passe de auto engano, consciente ou inconsciente, a “excepcional pontuação” que se concedem em todo e qualquer quesito em jogo, estarão em condições de ocupar o topo da hierarquia sociopolítico-cultural em vigor.
Há uma evidente disfunção psíquica e comportamental na adoção do auto-engano. Como diz o ditado, a mentira tem perna curta. Tudo que é falso está permanentemente em risco de ser desmascarado. Mas esse risco, infelizmente, é muito pequeno numa sociedade disjuntiva, decadente e moralmente desgastada como a nossa. O auto-engano pode sobreviver – e efetivamente sobrevive – por muito mais tempo do que se imagina.
É preciso que o “mito” faça besteiras imensas, humanamente impensáveis, para que seus seguidores comecem a debandar. Especialmente quando o auto engano do mito é parte integrante e dá sustentação ao próprio auto engano dos seus seguidores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário