Tentar consertar as cagadas do passado, movida por remorso, ou antecipar o futuro, movida por pura ansiedade de que amanhã já fosse hoje – são desimportâncias que enchem a vida (isto é, o saco e os ovários...) de quase todo mundo.
O pior é que o mundo vende essas desimportâncias como se fossem as coisas mais importantes do mundo! Em embalagens sofisticadas e atraentes, portando nomes pomposos, as maiores desimportâncias ganham ares de temas fundamentais na vida pessoal e profissional de cada pessoa.
“Preocupação exagerada – e desnecessária – com o futuro” (a qualquer hora estaremos todas mortas!), passa a se chamar “planejamento de vida”, “prudência”, “evitação de riscos” e “segurança”, e passa a ser uma das principais desimportâncias na vida de cada pessoa nesse enlouquecido mundo em que (des)vivemos. “Aparecer, ficar rica e famosa e ser a melhor em tudo”, passa a ser “cuidar da própria carreira”, possivelmente com a orientação (afff...) de algum “coach-guru do sucesso e da felicidade eternas”.
São as coisas desimportantes – não as coisas importantes – que realmente ocupam e estressam a vida das pessoas, levando-as muito além do limite das suas forças, submetendo-as a todos os tipos de esgotamento físico e mental, que também recebem nomes chiques, pomposos e palatáveis como “síndrome de burnout”, “síndrome do pânico”, “distimia”, transtorno bipolar, hiperatividade e “depressão unipolar”.
São as coisas desimportantes que tiram o sono, tiram a fome – ou, paradoxalmente, aumentam a fome desmesuradamente –, roubam o bem-estar e jogam as pessoas no fundo do poço existencial, na escuridão assustadora do labirinto individual de cada pessoa, onde mora o insaciável minotauro.
Pois é: o Minotauro é apenas e tão somente o retrato sombrio das desimportâncias que aterrorizam nossas vidas, mas que são vendidas – e compradas! – como redenção de todos os males individuais.
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