Não é por outro motivo que as religiões ainda mantêm seguidores. Muitas, além de assegurar um paraíso “eterno”, depois de todas as provações vividas aqui na terra, fornecem explicações detalhadas dos “motivos” para tantas dores e provações. Apesar de tão vagas, remotas e ilógicas, as utopias religiosas ajudam as pessoas a aguentarem os inevitáveis trancos da vida, especialmente aquelas pessoas que, por preguiça, desinformação ou por viverem manipuladas, não buscam razões mais admissíveis para suas agruras pessoais e coletivas.
A utopia é fundamental, sim, para a saúde mental. Mas quanto mais vaga e distante, menos ela contribui para o crescimento e o desenvolvimento das pessoas. Na verdade, utopias remotas e impraticáveis, como as oferecidas por muitas religiões, produzem muito mais acomodação do que movimento deliberado em direção às sonhadas mudanças.
A utopia necessária – e que funciona para o crescimento e desenvolvimento das pessoas e das sociedades – é aquela que faz a pessoa se mexer, que faz a sociedade se virar, para se tornar aquilo que sonham ser. Essa natureza inconformista da utopia, que põe todo mundo em movimento, é radicalmente distinta da natureza conformada e alienada das utopias que apenas buscam manter as pessoas no lugar social, político e econômico em que elas foram colocadas, por anos e anos de dominação e opressão, em benefício das classes sociais que se valem dessa “acomodação e alienação coletiva” para manter-se no poder.
Qual é a sua utopia pessoal? O que leva você a sair da cama todas as manhãs (fora correr o dia inteiro para comer e pagar suas contas? Qual é a utopia da sociedade em que você vive? O que movimenta as pessoas em direção a um futuro coletivo mais confortável e acolhedor para todas?
Nenhum comentário:
Postar um comentário