Doutrinados e guiados em sua maioria por ideias de 6.000 anos atrás, essas pessoas não conseguem enxergar a realidade do mundo atual nem se posicionar nele de maneira confortável. De um lado, mudanças radicais, impulsionadas por uma tecnologia que evolui continuamente, que detona com todas as formas tradicionais de vida em sociedade, pulverizando valores e normas de comportamento, individuais e coletivos, que vigoraram por séculos, alguns por milênios, mas que deixam de fazer sentido, cada vez mais rapidamente, no mundo atual.
Em vez de se entregarem ao fluxo das mudanças, de celebrarem as novas conquistas e tentarem se adaptar aos novos tempos, essa gente se deixa enlouquecer pelo apego desmesurado ao passado e o inevitável medo do desconhecido que surge daí.
A vontade dessa gente é que hoje continuasse a ser ontem, para sempre, indefinidamente, a fim de que elas se sentissem seguras e protegidas por suas normas e dogmas, que se tornaram completamente caducos, e que não podem mais lhes oferecer nenhuma garantia nos tempos atuais.
Buscam um tronco ao qual se agarrar no meio da enchente de mudanças que estão ocorrendo no rio caudaloso do mundo contemporâneo. Em vez de um tronco, forte e seguro, encontram fiapos de um tempo que não existe mais, e se desesperam. Estão dispostos a entregar suas próprias vidas a fim de que meninos continuem vestindo azul – e tendo pênis – e meninos continuem vestindo rosa – e tendo vulvas e vaginas. Estão dispostas a montar acampamento nas portas dos quartéis, esperando que a força bruta venha em seu socorro a fim de que as mulheres continuem sendo propriedade dos homens e “aborto”, símbolo maior do direito da mulher ao seu próprio corpo, continue sendo ação ignóbil e repulsiva. Estão dispostas a se entregar a qualquer mito que lhes assegure a continuidade indefinida do passado, no presente e no futuro. Que lhes dê a impossível certeza de que as coisas continuarão como sempre foram, que a vida estagnará para sempre no tempo congelado das suas normas e dogmas existenciais.
A única salvação dessa gente é crescer.
Mas crescer é basicamente experimentar coisas novas, explorar novas possibilidades e alternativas e, infelizmente, essas pessoas estão dominadas por um narcisismo infantil que busca, ao mesmo tempo, proteção paterna e poder ilimitado sobre a realidade em que vivem. Crescer é descobrir que tornar-se uma pessoa adulta implica exatamente em renunciar à necessidade compulsiva de proteção do pai e descobrir que é impossível impor sua própria vontade ao mundo.
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